Infecções hospitalares são definidas como uma condição adquirida no hospital e que se manifestam durante a internação ou mesmo após a alta, desde que possam ser relacionadas a procedimentos realizados no hospital. São motivos de complicações frequentes em terapia intensiva, podendo atingir taxas em torno de 20% ou mais, de acordo com doenças de base dos indivíduos ou outros fatores de risco. Uma das causas mais frequentes dos altos índices de morbidade e mortalidade nas unidades de terapia intensiva (UTI) é, sem dúvida, a infecção.
O paciente crítico tratado em UTI fica exposto a uma série de riscos que podem contribuir para agravar ainda mais o seu já comprometido estado geral de saúde. A infecção, endógena ou adquirida, figura como uma das mais sérias ameaças ao doente e causa constante preocupação à equipe que presta assistência nessa unidade do hospital.
Um dos fatores preponderante para o aparecimento de infecções na unidade de terapia intensiva são as más condições gerais do paciente, que acarretam diminuição das defesas orgânicas e favorecem a disseminação de agentes patogênicos. Além disso, as mudanças na constituição da flora normal do organismo, que provêm da gravidade do estado do indivíduo, assim como as contaminações causadas pelos microrganismos do ambiente hospitalar, facilitam a instalação de processos infecciosos.
Considerando que a transmissão dos microorganismos se faz por meio da via cruzada, e sendo o indivíduo doente um reservatório natural desses, a equipe multiprofissional pode constituir em importante meio de propagação de infecções exógenas. Há ainda a contaminação por meio do ar, das soluções medicamentosas, dos alimentos, dos materiais e equipamentos que, favorecendo a implantação de germes nos novos hospedeiros, podem proporcionar o desenvolvimento de infecções sistêmicas.
A unidade de terapia intensiva apresenta, em razão de suas características, uma série de fatores que podem facilitar a instalação desses processos infecciosos. Um dos tipos de infecções comuns em unidade de terapia intensiva é a do trato respiratório baixo (pneumonia associada à ventilação mecânica), uma vez que esse tipo de paciente se submete à terapêutica ventilatória por períodos prolongados, porém, o número de infecções de corrente sanguínea também é relevante.
A própria terapêutica medicamentosa muitas vezes usada em altas doses e por períodos prolongados de tempo, dadas às exigências do estado dos pacientes, é citada como um dos fatores relacionados ao aumento da suscetibilidade. Há ainda considerações sobre o uso de antimicrobianos em grande escala, proporcionando a predominância de cepas resistentes.
Outros fatores exógenos que podem constituir reais ameaças à manutenção da integridade fisiológica do indivíduo doente podem estar relacionados tanto ao método de tratamento, aos procedimentos técnicos e à instalação de equipamentos, como às próprias características físicas da unidade. Assim, o paciente na UTI é geralmente sensível a infecções respiratórias, urinárias e aquelas contraídas por meio de pontos de menor resistência, como incisões cirúrgicas, locais de inserção de drenos e cateteres.
Por fim, vale ressaltar que a lavagem das mãos continua sendo o recurso mais eficaz e econômico para a diminuição das taxas de infecções hospitalares em unidade de terapia intensiva, sendo necessária antes e após cada procedimento e contato com pacientes, e a utilização de precaução padrão a todos os doentes hospitalizados para medidas de proteção e controle de disseminação de vários agentes multirresistentes.
Referências:
CINTRA, E. A. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. São Paulo: Atheneu.
BOLICK, D. Segurança e Controle de Infecção. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso
ROCHA, LCM Prevenção e Controle de Infecção em Unidade de Emergência: Epidemiologia e Controle. Rio de Janeiro: Medsi.